Dando continuidade com a nossa coluna que homenageia figuras femininas no setor de energia, adentramos o mês especial de março - que reserva um dos seus dias para celebrar pelos feitos alcançados de representantes do gênero em caráter cosmopolita. E, por aqui no CIGRE-Brasil, nada melhor então que apresentarmos mais uma de nossas voluntárias que não só fica à frente da coordenação de um de nossos Comitês de Estudos, como também - fazendo jus à data de 8 de março - tem peso internacional.
Marta Lacorte, engenheira elétrica, Mestre em Técnicas de Alta Tensão, pesquisadora no CEPEL de 1984 a 1991. De 1992 até 2001 trabalhou como suporte técnico para GIS na ABB Suíça. Retornou em 2002 como representante de Disjuntor de Gerador da ABB Suíça para a América Latina. Posteriormente assumiu Gerencia de Engenharia de Equipamentos de Alta Tensão na ABB Brasil até 2015. Atualmente é sócia da Ativa Engenharia, empresa especializada na realização de estudos elétricos (frequência fundamental e transitórios eletromagnéticos), análises para definição de tecnologia de equipamentos de alta tensão e arranjos de subestações. É atualmente coordenadora do Comitê de Estudos B3 - Subestações - do CIGRE-Brasil.
CB: O que motivou a sua escolha e desde quando pensou em integrar o Setor EletroEnergético?
ML: Fiz vestibular para engenharia, na época não precisava definir qual. Como na verdade queria fazer matemática acabei escolhendo engenharia elétrica.
CB: Quais os desafios encontrados ao longo da sua trajetória e o que a fez prosseguir?
ML: Não considero que tive algo como desafio na minha vida profissional. Considero oportunidades que fui aproveitando conforme surgiram. Como me mudar para Suíça com uma criança de 2 anos. O que me fez prosseguir foi curiosidade de provar algo diferente.
CB: Sabedores dos esforços dedicados a conciliar família e trabalho, o que mais lhe ajudou neste sentido?
ML: Apoio da família quando minha filha era bebê antes de mudarmos para Suíça e lá apoio da empresa, na época ABB, que oferecia flexibilidade de horário e creche. E muito apoio de amigos em situação semelhante.
CB: Que pessoas e por qual motivo foram de fundamental importância ao longo de sua trajetória profissional?
ML: Meu chefe na ABB Suíça, o respeito e compreensão com que tratava assuntos relativos à minha filha e à minha condição de mulher em ambiente predominante masculino. Participei de vários debates e palestras sobre o assunto.
Em relação ao meu crescimento profissional agradeço a um outro supervisor que me cobrava mais que aos colegas masculinos, o que poderia ser encarado como assédio foi por mim encarado como um desafio que eu consegui superar.
CB:O que lhe estimulou a participar do CIGRE-Brasil e qual a sua atuação dentro desta organização?
ML: Meu primeiro emprego foi no CEPEL que sempre foi muito ativo no CIGRE e depois na ABB continuei participando principalmente de seminários onde construí uma grande rede de contatos (networking).
Marta Lacorte durante o XXVI SNPTEE, no Rio de Janeiro - maio de 2022
CB: O que você acha das ações de integração das mulheres promovidas pelo CIGRE-Brasil?
ML: Acho importante, mas ainda muito paternalistas.
CB: Quais conselhos você daria para jovens estudantes e profissionais mulheres que também desejam trilhar esta carreira?
ML: Sejam o que são, não se curvem ao assédio.