Por Comitê de Estudos C3 - Desempenho Ambiental de Sistemas
A igualdade de gênero e a inclusão social não são apenas direitos humanos fundamentais, mas a base necessária para a construção de um mundo mais pacífico, próspero e sustentável, conforme descrito pelo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nº 5, da Agenda 2030 da ONU. Sabemos que o esforço de alcance do ODS 5 reflete a crescente evidência de que a igualdade de gênero tem efeitos multiplicadores no desenvolvimento sustentável. O CIGRE está alinhado a esta necessidade crescente e, desde a Bienal de Paris em 2014, vem tratando da questão de gênero no setor elétrico de forma mais intensa, com destaque para a instituição do Comitê de Mulheres do CIGRE-Brasil. Desde então, foram realizados a primeira e a segunda edição do Fórum de Mulheres (XXIV SNPTEE em 2017 e XXV SNPTEE em 2019), os eventos da série Papos de Energia (Luz sobre as Mulheres, 2020, 2021 e 2022) e uma Pesquisa com as associadas do CIGRE-Brasil (2020), onde foram levantadas expectativas e sugestões de temas para serem trabalhados no Comitê de Mulheres do CIGRE-Brasil, com resultados apresentados durante o evento Woman in Energy Centennial Celebrations (Paris, 2021).
Em 2022, trabalhou-se na ampliação do levantamento das percepções dos membros do CIGRE-Brasil, utilizando um questionário elaborado pelas pesquisadoras do CEPEL Katia Cristina Garcia, Luciana Rocha Leal da Paz e Denise Ferreira de Matos, membros do Comitê de Estudos CE-C3, com base em pesquisas realizadas no âmbito desse Centro de Pesquisas. O questionário se constituiu de 20 perguntas divididas em 4 sessões: informações gerais da (o) participante e da empresa em que trabalha; percepção sobre as barreiras de gênero no Setor Elétrico Brasileiro (SEB); avanços na igualdade de gênero e equidade no SEB e impactos da pandemia na carga de trabalho.
Ao todo foram respondidos 45 questionários, 60% por homens e 40% por mulheres de empresas e cargos variados. Do total, 84,4% dos participantes consideram que existem barreiras de gênero no setor elétrico brasileiro e 62,2% consideram que os homens são mais bem pagos do que as mulheres.
O questionário foi construído buscando levantar a percepção sobre 3 tipos de barreiras, considerando o SEB: entrada de mulheres, retenção de mulheres e avanço na carreira em posições de liderança. As principais barreiras para entrada de mulheres, na opinião dos participantes, incluem a percepção do papel de cada gênero, normas sociais e culturais estruturais, práticas de trabalho desencorajadoras e práticas de contratação. Em relação às barreiras de retenção, destacou-se principalmente a falta de transparência e justiça de políticas internas, a ausência de trabalho remoto, a ausência de opção de trabalho em meio período, a ausência de mentorias ou programas de treinamento e a ausência de creche. No caso das barreiras relativas ao avanço das mulheres na carreira, segundo os participantes, incluem especialmente as normas sociais e culturais estruturais, as dificuldades em conciliar a vida profissional e da família e, ainda, o ambiente e práticas desencorajadoras no trabalho.
As (Os) participantes da pesquisa também indicaram as medidas que consideram mais adequadas para apoiar as mulheres no SEB, sendo que as principais são o estabelecimento de rede de mulheres, o compartilhamento de experiências e boas práticas, as políticas de gênero eficientes, a criação de uma plataforma de oportunidades para mulheres no SEB, bem como a realização de treinamento em liderança
As pesquisas para a construção do questionário, a sua aplicação e os resultados e as análises realizadas serão objeto de publicação de um artigo na edição de setembro da revista EletroEvolução. Estes resultados se constituem em importantes guias para o planejamento das atividades futuras do Comitê de Mulheres do CIGRE-Brasil.
Fique por dentro na EletroEvolução de setembro - número 108.