O CIGRE Women in Energy (WiE) realizou um painel virtual de discussão com integrantes do Fórum de Mulheres do CIGRE-Brasil no dia 23 de novembro de 2021. A discussão concentrou-se em uma das principais questões globais: a inclusão das mulheres na transição energética. A participação das mulheres em cargos de emprego e liderança foi reconhecida globalmente, e a desigualdade de gênero é considerada uma restrição ao crescimento econômico. De acordo com o Programa de Pesquisa Aplicada em Energia e Crescimento Econômico (EEG), as mulheres representam apenas 20 a 25% dos colaboradores no setor de energia, com porcentagens ainda menores empregadas em funções nos campos da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática.
EDITORIAL: "O artigo é um relato admirável e pessoal para o CIGRE Women in Energy. São relatos muito sinceros de barreiras superadas e sucessos alcançados dignos de serem ouvidos. Divulgamos esses relatos para que nossos leitores possam entender os obstáculos que precisamos superar. O CIGRE vem expandindo o número de membros, com um aumento da participação feminina em um ritmo cada vez maior, inclusive no que diz respeito a assumir a coordenação em Comitês de Estudos (CEs) e outros papéis de liderança nos últimos anos. Temos mais a alcançar e esperamos que cada um de nós possa ajudar a remover obstáculos, se destacar em nossas contribuições e crescer ainda mais."
SUSANA ALMEIDA DE GRAAFF
| Por Neo Mapapanyane*
O painel de discussão foi organizado por Neo Mapapanyane, do Fórum de Mulheres do CIGRE da África do Sul. Neo é engenheira e chefe na concessionária sul-africana da Eskom. É ainda membro dos Comitês de Estudos B5 – Proteção e Automação e Next Generation Network (NGN). O encontro foi composto pelas seguintes participantes do Women in Energy (WIE): Nadia Helena Gama Ribeiro de Louredo, Silvia Helena Pires e Angélica da Costa Oliviera Rocha, juntamente com a presidente do CIGRE WiE, Khayakazi Dioka e a presidente do WiE brasileiro, Carla Damasceno Peixoto. Outros membros brasileiros do WiE que não puderam comparecer, mas que participaram das perguntas selecionadas foram: Luiza Carijó (secretária do Comitê de Estudos C1 - Desenvolvimento de Sistemas Elétricos e Economia, desde 2015), Maria da Guia da Silva (membro do CIGRE-Brasil desde 2005) e Marta Lacorte (Coordenadora do Comitê de Estudos B3 - Subestações, desde 2018).
A sessão começou com a apresentação da painelista Nadia, membro do CIGRE desde 2006, consultora independente em engenharia desde sua aposentadoria. Ela é especialista em projetos de linhas de transmissão aéreas e subterrâneas HV e EHV. Desde 2015 é membro do CIGRE-Brasil na categoria individual I, e muito antes a esta data já atuava como representante da Concessionária Eletropaulo como representante de sócio Coletivo I. Atualmente atua como representante brasileira no Study Committee (SC) B1 Insulated Cables e é a Coordenadora do Comitê de Estudos B1 – Cabos Isolados no Brasil e membro do CIGRE.
Silvia Helena Pires também trabalha como consultora desde que se aposentou - depois de 25 anos atuando como pesquisadora do CEPEL (Centro de Pesquisa de Energia Elétrica). Ela é membro do Comitê de Estudos C3 - Desempenho Ambiental de Sistemas desde 2005. De 2016 a 2018 esteve à frente do CE C3 e agora apoia o atual Coordenador, André Luiz Mustafá.
Angélica é consultora independente. Desde 2018 é membro do Comitê de Estudos C4 - Desempenho de Sistemas Elétricos, no qual assume função de Coordenadora desde então. É membro do CIGRE desde 1996, contribuindo para o CE-C4 e também para o CE-A2.
Como o painel de discussão se concentrou em aumentar a participação das mulheres no setor de energia, a primeira pergunta direcionada às painelistas foi o que as motivaram estudar engenharia elétrica. Curiosamente todas responderam que se destacavam em matemática na escola. Além disso, Silvia e Nadia informaram que foram influenciadas por familiares que eram engenheiros eletricistas na ocasião. Silvia ainda adicionou que sua mãe e muitas outras mulheres de sua família trabalhavam – um fator não muito comum para a época.
Por outro lado, Maria, professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), se interessou pela engenharia no ensino médio por meio das aulas de física. Isto porque a disciplina envolvia experimentos de laboratório, o que por sua vez acabaram por despertar o seu interesse por leituras sobre grandes inventores. O resultado de toda essa trajetória foi o desenvolvimento do seu interesse pela engenharia.
*FONTE: Electra 320 – Edição Fevereiro / Tradução livre CIGRE-Brasil
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