Adriana Martins foi uma das palestrantes convidadas para esta 2ª edição do Fórum de Mulheres do CIGRE-Brasil.
No intervalo entre as duas edições do Fórum de Mulheres, Adriana, engenheira especialista da CEMIG, acumulou o trabalho voluntário no CIGRE-Brasil como Coordenadora do Comitê de Estudos D1- Materiais e Tecnologias Emergentes e como suplente no Conselho de Administração, e também, o intenso trabalho no Comitê Técnico do SNPTEE que, na sua 25ª edição é organizado pela CEMIG.
Poderia comentar sobre a sua atuação na Companhia Energética de Minas Gerais - CEMIG - uma das principais concessionárias de energia elétrica do Brasil?
Na CEMIG trabalho na Gerência de Coordenação e Engenharia de Manutenção de Ativos da Transmissão. Sou engenheira química e fiz mestrado e especialização em Engenharia de Materiais. Sempre atuei ligada à manutenção, no atual Centro de Monitoramento Preditivo, nas várias etapas do ciclo de vida de um ativo que interferem no desempenho e, portanto, no processo de manutenção de ativos. Participo, desta forma, do controle de qualidade dos materiais construtivos do equipamento, do acompanhamento dos equipamentos durante energização - etapa de comissionamento, do monitoramento durante sua vida útil até às análises de falha, quando alguma ocorre. Durante este período, estive envolvida em muitos projetos, contribuindo de forma multidisciplinar e transversal, em função da minha formação diferente da maioria dos meus pares. As oportunidades tem sido muitas e pude conhecer e ter contato com diversas áreas da empresa, nos segmentos de Transmissão, Geração e Transmissão. Ultimamente, tenho me dedicado com muito cuidado e empenho ao trabalho da Comissão Técnica do XXV SNPTEE, que neste ano foi sediado pela CEMIG.
Nos últimos anos, tem se desdobrado em, ao menos, duas importantes frentes de trabalho: a sua atuação na CEMIG e na coordenação do Comitê de Estudos D1- Materiais e Tecnologias Emergentes do CIGRE-Brasil, a partir da qual realizou diferentes eventos, dentre os quais a retomada do CMDT - Colóquio sobre Materiais Dielétricos e Técnicas Emergentes de Ensaios e Diagnóstico que realizou a sua 3ª edição, no ano passado. Como tem sido essa experiência de coordenação de um Comitê de Estudos do CIGRE-Brasil? Gostaria de aconselhar de algum modo as jovens mulheres que intencionam ingressar no Setor Elétrico de predominância masculina?
Esta experiência na Coordenação do Comitê de Estudos D1 - Materiais e Tecnologias Emergentes - parece muito com o perfil da minha atividade profissional transversal e multidisciplinar Não sei bem dimensionar o que é chamado de sucesso, dado a relatividade desta palavra. Se sucesso for ter a oportunidade de coordenar, atuar como uma facilitadora, com especialistas de renome, conseguir formar um grupo unido e coeso, como acredito que somos no CE D1, certamente tem sido um sucesso. Eu me sinto servidora destes profissionais, pessoas da melhor índole, e aprendo com eles a todo o momento. Neste mesmo contexto, não posso deixar de mencionar o Chair do Study Committee D1, Ralf Pientch.
Sobre aconselhar jovens que queiram ingressar no Setor Elétrico ou qualquer outro, o que eu teria a dizer é: protagonize sua própria história, nem pense muito, se é o que você quer, vá e faça. O espaço se abre pela força da vontade de cada um. Mesmo quando parecer fechado em alguns momentos, como um dia passa depois do outro, as portas se fecham, mas se abrem também. E, de novo, vale saber o que é para cada jovem, para cada pessoa, “sucesso”. Para mim é poder contribuir, participar, aprender e ver prevalecer a verdade.
Fórum Internacional de Conhecimento do Setor Elétrico, o CIGRE se destaca pela promoção do intercâmbio internacional entre os pares, pode nos falar um pouco sobre a participação do Comitê de Estudos D1 nos diferentes eventos internacionais e se ocorreram incentivos a integração das mulheres?
Como Coordenadora do Study Committee D1 tive a oportunidade de participar do Women in Engeneering na Bienal de 2016 e do Women Luncheon durante o Colóquio do Study Committee D1 em Winnipeg, em 2018. Não foi possível para mim participar do WIE na Bienal de 2018, onde nossa hoje Diretora de Assuntos Corporativos, Carla Damasceno, fez uma apresentação. O que eu pude perceber nestas ocasiões é que, sendo o ser humano sempre o mesmo, as dificuldades enfrentadas pelas mulheres variam na sua forma cultural de expressão, mas no fundo são basicamente as mesmas.
Estas iniciativas de integração das mulheres são todas bem vindas e faço questão de participar, prestigiar e colaborar. Mas penso que a força motriz para isto se concretizar em uma mudança verdadeira precisa estar calcada nas diferenças, explorando as complementaridades em favor de todos. Não adianta muito abrir mão do que é próprio do feminino, agir como um homem, para ser “aceita”. Devemos ter o direito de ser quem somos e sermos profissionalmente e humanamente iguais em dignidade, direitos e deveres.
O SNPTEE é um dos mais importantes eventos do setor elétrico brasileiro, é promovido pelo CIGRE-Brasil e nesta edição está sendo coordenado pela CEMIG. A sua atuação é bastante expressiva no comitê técnico do evento, ao lado do Dr. Saulo Cisneiros, presidente do CIGRE-Brasil e do Dr. Rodnei Dias dos Anjos, gerente na CEMIG. Como foi essa experiência?
Foi tão intensa que parece que sonhei. Não percebi o tempo passar. E, de novo, além do Dr. Saulo e do Rodnei, já citados, trabalhamos em equipe, toda a Comissão Técnica. Foi uma experiência única na vida, eu acredito.
Pude ver aquilo que acredito bem concretamente: quanto menos o foco está em nós mesmos quando fazemos alguma coisa, mais resultados somos capazes de gerar, principalmente em equipe. O SNPTEE é feito para os autores, para os participantes, para a sociedade. Se nos colocamos a serviço do outro, mesmo que não seja tudo perfeito, no fim se atinge o objetivo.
De organizadora do I Fórum de Mulheres à palestrante da sua segunda edição, qual a importância de um espaço como esse, no SNPTEE?
Foi com muita surpresa que recebi o convite para falar um pouco nesta segunda edição do Fórum das Mulheres. Todos que participamos, no ano passado, lembramos de como nos sentimos bem naquele momento. Eram mulheres, pessoas, dividindo conosco suas histórias e trajetórias. Este é um espaço que foi conquistado e não se pode perder. Sem nenhum viés segregacionista, este é um espaço para as mulheres do Setor Elétrico Brasileiro. Da mesma forma o Fórum dos Jovens e o Next Generation Network Showcase que também são espaços para jovens se apresentarem ao Setor Elétrico e enxergarem no CIGRE-Brasil o que eu vi quando decidi me tornar associada individual: um caminho para troca de conhecimentos, impulsionador de experiência e de convivência fraterna com pessoas que também têm os mesmos objetivos. Cada um à seu modo, à sua maneira, mas com um mesmo objetivo.