Construindo caminhos para a participação feminina na Transição Energética Brasileira
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O Setor Elétrico é um dos mais essenciais ao desenvolvimento econômico-social e à nova ideia de progresso, que visa o bem estar do ser humano. Porém, o setor ainda é composto, em sua maioria, por profissionais e mão de obra masculinos, onde várias disparidades refletem caminhos educacionais, políticas públicas ou privadas e redes de recrutamento que ainda permanecem orientadas para os homens.
O CIGRE-Brasil quer contribuir para a análise e encaminhamento de questões relacionadas a esse tema, auxiliando as empresas do setor de forma agregadora e transparente, especialmente no contexto da Transição Energética.
A igualdade de gênero e a inclusão social não são apenas direitos humanos fundamentais, mas a base necessária para a construção de um mundo mais pacífico, próspero e sustentável, conforme descrito pelo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nº 5, da Agenda 2030 da ONU. Sabemos que o esforço de alcance do ODS 5 reflete a crescente evidência de que a igualdade de gênero tem efeitos multiplicadores no desenvolvimento sustentável.
No cenário atual descortinam-se novos desafios, riscos e oportunidades relacionados à Transição Energética e ao Desenvolvimento Sustentável. Porém, o desenvolvimento de forma sustentável não será alcançado se as barreiras tangíveis e intangíveis que impedem o pleno desenvolvimento e exercício das capacidades de metade da população não forem contemplados. Além disso, a diversidade e a inclusão são primordiais na transição para as energias renováveis. A diversidade de gênero precisa ser priorizada de modo que possam ocorrer mudanças efetivas. (GWNET, 2020).
De olho nesta necessidade crescente, desde a Bienal de Paris em 2014, o CIGRE vem tratando da questão de gênero no setor elétrico de forma mais intensa, com destaque para a instituição do Comitê de Mulheres do CIGRE-Brasil. Tivemos os I e II Fóruns de Mulheres (XXIV SNPTEE em 2017 e XXV SNPTEE em 2019), os eventos da série Papos de Energia (Luz sobre as Mulheres, 2020 e 2021) e uma Pesquisa com as associadas do CIGRE-Brasil (2020), onde foram levantadas expectativas e sugestões de temas para serem trabalhados no Comitê de Mulheres do CIGRE-Brasil, com resultados apresentados durante o evento “Woman in Energy Centennial Celebrations” (Paris, 2021).
Importante abrir novos caminhos ou reencaminhar ações que possam garantir uma maior participação das mulheres nas atividades do CIGRE-Brasil, incentivando a sua entrada no Setor Elétrico Brasileiro (SEB), bem como promovendo sua retenção e liderança, com participação em funções estratégicas, e atuando para que a Transição Energética no Brasil ocorra com equidade e igualdade de gênero. Assim, como mencionado pela ONU Mulheres (2021), acreditamos que as mulheres podem ser o grande impulso para uma Transição Energética Sustentável e inclusiva (CEPAL, ONU Mulheres, 2021).
Pensamos em alguns possíveis traçados para abrir estes novos caminhos, como o levantamento de ideias de como estimular a participação das mulheres na Transição Energética; proposição de uma plataforma de conexão entre mulheres e empresas do setor que buscam conectar-se com a equidade de gênero impulsionando os resultados dos negócios por meio de ações práticas; desenvolvimento de programas para as mulheres nas três fases da carreira no mercado de trabalho (atração, retenção e ascensão). Mas estamos abertos para novas ideias!
Para dar o primeiro passo resolvemos ampliar o levantamento das percepções dos membros do CIGRE-Brasil, com a aplicação de um questionário com 20 perguntas (a maioria de múltipla escolha), separadas em 4 seções, com tempo estimado de resposta de apenas 10 minutos.
Em breve todos os associados do CIGRE-Brasil receberão, através de mala direta, um questionário que tem como objetivo coletar as percepções dos membros do CIGRE-Brasil em relação às barreiras para atração, retenção e ascensão das mulheres no SEB, incluindo os recentes impactos da Covid-19, visando abrir novos caminhos que possam garantir uma maior participação das mulheres nas atividades de compartilhamento de conhecimento e experiências nos Comitês de Estudo do CIGRE-Brasil e na Transição Energética no Brasil.
Em uma segunda etapa, estas informações serão utilizadas para identificar como as práticas das empresas explicitadas por meio do acompanhamento de indicadores e metas em seus relatos alinham-se às percepções e expectativas pessoais identificadas.
A partir do mapeamento de melhores práticas, pretende-se identificar um conjunto de possíveis estratégias propostas pelo CIGRE-Brasil para fomentar o ingresso de mulheres nos Comitês de Estudos desta instituição e que também poderão ser apoiadas e adotadas nas empresas, órgãos setoriais, agências, grupos, fóruns e redes femininas, de forma a aumentar a entrada de mulheres no SEB, bem como sua retenção e participação em cargos de gerência e cargos estratégicos, de forma a garantir que a Transição Energética no país ocorra com equidade e igualdade de gênero.
Contamos com você, para que juntos possamos construir caminhos para aumentar a participação feminina no CIGRE-Brasil e na Transição Energética Brasileira!
Referências Bibliográficas
• IRENA (2020), Wind Energy: A Gender Perspective. IRENA, Abu Dhabi.
• “Parceria CIGRE-Brasil e Memória da Eletricidade - Temporada Luz Sobre as Mulheres!” EletroEvolução - Sistemas de Potência ISSN 1806-1877 - nº 101 - Dezembro de 2020.
• M. Olivera, M. G. Podcameni, M. C. Lustosa e L. Graça, “A dimensão de gênero no Big Push para a Sustentabilidade no Brasil: as mulheres no contexto da transformação social e ecológica da economia brasileira”, Documentos de Projetos (LC/TS.2021/6; LC/BRS/TS.2021/1), Santiago e São Paulo, Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe e Fundação Friedrich Ebert Stiftung, 2021.
• Sítio da Internet: Canal Solar. https://canalsolar.com.br/mulheres-na-energia-solar-sua-formacao-e-o-mapeamento-da-atuacao-no-setor/. Acesso em março de 2021.
• Pesquisa IHA/Banco Mundial/GWNET. Sítio da Internet: Global Women´s Network. https://www.globalwomennet.org/getting-to-gender-equality-in-hydropower-take-part-in-our-new-survey/